quinta-feira, novembro 26, 2009

Programa Conversas Imaginárias - 28 de Novembro

Feira do Livro Fantástico (no átrio, durante o evento; com o apoio Dr. Kartoon)

Auditório da BMOR:

15:00-16:00 –Auto-edição em Portugal: oportunidades e problemas.
Com Pedro Ventura (moderação), Paulo Fonseca, Rafael Loureiro.

16:00-16:30 – Conselhos de leituras fantásticas.
Com João Barreiros, Nuno Fonseca, Cristina Alves.

16:30-17:00 – Intervalo.

17:00-18:00 – Novidades e Projectos de Banda-Desenhada.
Com João Lameiras (moderação), Ricardo Venâncio, Rui Ramos, David Soares, Filipe Melo.

18:00-19:00 – Novas aventuras do Fantástico Português.
Com Rogério Ribeiro (moderação), Telmo Marçal, Fábio Ventura, Bruno Martins, Ana Vicente Ferreira.

20:00 – Tertúlia Noite Fantástica.
(Jantar, ver aqui para mais informações).

quarta-feira, novembro 25, 2009

Depois das Conversas... os comes-e-bebes


No dia 28, após o encerramento das Conversas Imaginárias, os interessados poderão participar em mais uma edição da Tertúlia Noite Fantástica, uma iniciativa que reúne vários fãs do género fantástico à volta da mesa.

Por questão de comodidade, o jantar está a ser planeado para o restaurante Chili's, que fica a uma curta distância a pé do auditório da Biblioteca de Telheiras. O menu de grupo, com vários itens à escolha, deverá ficar por 12 euros.

Como é hábito, podem reservar um lugar para a Tertúlia Noite Fantástica através do email tertulianoitefantastica@gmail.com.

segunda-feira, novembro 23, 2009

Primeiras Conversas Imaginárias...

Foi uma tarde bastante chuvosa que marcou o início das Conversas Imaginárias. Também por isso, mais acolhedor se tornou o interior do auditório da Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro.

(Gonçalo Sousa, Filipe Teixeira, Ana Maria Baptista, Andreas Rocha)

Começando pouco depois da hora marcada, a Ana Maria Baptista deu o mote para a conversa sobre concept art, com Gonçalo Sousa, Filipe Teixeira e Andreas Rocha. Mostrou-se e falou-se de arte conceptual, e dos mercados nacional e estrangeiro.

(Paulo Prazeres, Pedro Florêncio, Rogério Ribeiro, Filipe Melo, António de Macedo)

Após a exibição de FRUNC (curta), de Paulo Prazeres, Papá Wrestling (curta), de Fernando Alle, e I'll See You In My Dreams (trailer), de Filipe Melo, tive o prazer de moderar (em substituição da adoentada Rita Palma) a sessão sobre cinema fantástico.

Com a participação de Pedro Florêncio, da equipa de Papá Wrestling, de Paulo Prazeres, Filipe Melo, e do consagrado António de Macedo, falou-se das curtas-metragens apresentadas e do cinema fantástico em geral. Mais uma vez, vieram ao de cima os problemas que condicionam a produção nacional, e foram apontadas possíveis soluções.

Em ambas as sessões, a assistência participou com várias questões pertinentes. Este primeiro dia de Conversas Imaginárias terminou às 20h, quase uma hora depois do planeado, ainda dando sinais de um debate vivo (nessa altura sobre o papel dos argumentistas).

No próximo sábado, dia 28, continuam as Conversas Imaginárias...

sábado, novembro 21, 2009

Começam hoje... as Conversas Imaginárias!


Hoje, às 16h, começa o ciclo de conversas sobre o Fantástico.

Neste primeiro dia, os temas andarão à volta do cinema e da arte conceptual. Mais informações sobre o programa, aqui.

De bónus, está já aberta a exposição de arte fantástica do Imaginarte (panorâmica parcial da exposição acima; foto gentilmente cedida por Paula Piedade).

sexta-feira, novembro 20, 2009

Prémio Utopia 2009 - última chamada para submissões de arte fantástica


O Prémio Utopia, iniciativa do Núcleo Português de Arte Fantástica, aceita submissões para a sua edição de 2009, a segunda, até ao dia 31 de Dezembro.

À semelhança do que ocorreu na edição inaugural, ao vencedor do Prémio Utopia será atribuído um troféu, entregue em cerimónia de gala.

O Prémio UTOPIA baseia-se no conceito da Arte Fantástica contemporânea, que se caracteriza pela transformação do real em imaginário e tem sempre uma conotação figurativa ou representativa, além de transmitir diversas abordagens que podem ir do sonho ao sobrenatural, das premonições às visões do mundo ou mundos diferentes, passando por expressões de crises sociais, além do cómico, do mítico, do erótico ou do horror.

Não havendo um estilo próprio de arte fantástica, mas sim várias expressões artísticas, que vão desde o surreal, o visionário, o simbólico, o onírico, o absurdo, o irracional, o tabu, o místico, o metamórfico e o metafísico entre outras formas de pensamento e arte, que provoquem e façam pensar.

terça-feira, novembro 17, 2009

Como chegar às Conversas Imaginárias?


As Conversas Imaginárias irão ter lugar na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, em Lisboa. Localizada no bairro de Telheiras, é facilmente acessível de carro ou metro.

Para melhor orientação, a localização pode ser seguida no Google Maps, aqui.

De carro, os pontos de referência são o Estádio do Sporting, a Av. General Norton de Matos (a famosa 2ª Circular) e o Eixo Norte-Sul. Estacionamento aconselhado na Rua Hermano Neves, com acesso pedonal directo para a BMOR pela zona ajardinada.

De metro, seguir na linha verde até à estação terminal de Telheiras. , sair para a Estrada de Telheiras (que é uma rua estreita e só pedonal; não confundir com a paralela Rua Prof Francisco Gentil - mais larga e com trânsito) e percorrer a rua até à BMOR.

segunda-feira, novembro 16, 2009

O Futuro do Conto


Há algum tempo que defendo que o conto é um formato ideal para a literatura fantástica. Não depreciando os formatos mais longos, e não esquecendo que nem todos os autores geniais no conto se conseguem adaptar ao romance, e vice-versa, o conto testa a capacidade de estruturação e bom-senso do autor, assim como geralmente lhe prepara a mão para vôos mais altos (longos!).

Infelizmente, o mercado leitor parece não ter muito amor pelo conto (seja em colectâneas ou antologias). Da mesma forma, os próprios escritores, inebriados pela publicação em romance, independentemente de terem aptidão técnica para suportarem convicentemente uma tal narrativa, olham com desdém para o conto.

Mas, como diria o Astérix, parece que algumas aldeias se mantém irredutíveis num território conquistado pelos romances. Vem este assunto a propósito da recente entrevista de Pedro Sena-Lino, editor, entre outras, da antologia Contos de Vampiros, ao Diário Digital.

A situação do mercado editorial torna a publicação de contos mais difícil e mais rara. E o conto não é um género fácil: é um raio-x preciso e certeiro ao mais definitivo e constituinte de um autor: os seus temas, os seus recursos, o seu imaginário, a sua técnica narrativa (…) Estou convencido que o conto representa um mercado extraordinário e que pode ser largamente expandido. Com as dificuldades de tempo com que os leitores de hoje se defrontam, o conto representa uma espécie de unidade mínima de tempo real de leitura. Penso que esta ideia devia ser trabalhada pelas editoras, e mais, devia ser fruto de uma campanha nacional.


Nesta entrevista, é ainda referido o parco tratamento que tem sido dado à simbologia fantástica nacional. Talvez isso esteja prestes a mudar. Depois de um primeiro número digital, a Dagon promete a passagem para o meio físico e um aumento de qualidade. E consta que também a revista electrónica Bang! irá brevemente anunciar inovações. Duas iniciativas que irão certamente estimular as mentes e canetas dos contistas portugueses.

sábado, novembro 14, 2009

Conversas Imaginárias no Facebook

Como parte da divulgação do evento, está disponível uma página de evento para o Conversas Imaginárias no Facebook.

Quem quiser apoiar a iniciativa, declarando a sua presença ou passando o convite a amigos e conhecidos, pode aceder aqui (para visualizar a página é necessário o registo no Facebook!).

O Programa das Conversas Imaginárias


21 de Novembro
(auditório da BMOR)

16:00-17:15 – Mesa-redonda: Concept artists nacionais.
Com Andreas Rocha, Gonçalo Sousa e Filipe Teixeira.

17:15-17:45 – Intervalo

17:45-19:15 – Exibição de curtas-metragens e Mesa-redonda "Cinema Fantástico Português".
Com Rita Palma (moderação), Paulo Prazeres, António de Macedo, Filipe Melo e Pedro Florêncio.
Com a exibição de “FRUNC”, “Papá Wrestling” e “I’ll See You In My Dreams”.


28 de Novembro
(auditório da BMOR)

Feira do Livro Fantástico (em confirmação - no átrio).

15:00-15:45 – Mesa-redonda “Auto-edição em Portugal: oportunidades e problemas”.
Com Pedro Ventura (moderação), Paulo Fonseca, Rafael Loureiro, (+ convidado a confirmar).

15:45-16:15 – Sugestões de Leitura.
Com João Barreiros, Nuno Fonseca e Cristina Alves.

16:15-16:45 – Intervalo.

16:45-17:45 – Mesa-redonda "Novidades em Banda-Desenhada".
Com Ricardo Venâncio, Rui Ramos, David Soares e Filipe Melo.

17:45-18:30 – Mesa-redonda “Novas aventuras do Fantástico Português”.
Com Telmo Marçal, Fábio Ventura, Bruno Martins, Ana Vicente Ferreira.

18:30-19:15 – Mesa-redonda "A Literatura Fantástica Portuguesa: Passado e Presente".
Com Maria do Rosário Monteiro (moderação), Safaa Dib, João Seixas, (+convidados a confirmar).

20:00 – Tertúlia Noite Fantástica
(para quem estiver interessado em ficar para conversar durante o jantar, em restaurante a confirmar)


E ainda, a decorrer desde 9 de Novembro (na sala multi-usos da BMOR), até 28 de Novembro, a Exposição Há Conversas com o Imaginarte.


Organização: Rogério Ribeiro.
Cartaz: Luís Peres.
Apoio: Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Actualizações algures...

Breve post para dar conta de duas actualizações:

Do Tertúlia Noite Fantástica, com a disponibilização do Pasquim Fabulástico #2 em pdf;

Do Conversas Imaginárias, com a promessa do lançamento do programa do evento amanhã.

Agora ide, ide e informai-vos!

domingo, novembro 08, 2009

Talentos Fantásticos 2009 - Análise (I)

A antologia Talentos Fantásticos 2009 possuí 3 secções: poesia, ilustração e conto.

Talvez a pergunta que mais roda na cabeça de quem não teve acesso à obra é: os trabalhos têm qualidade?

Nas duas primeiras categorias, vou-me limitar a um comentário muito superficial.

Não sou particularmente adepto de poesia, mas a estrutura do poema que ganhou (O Rei do Submundo, de Emanuel Madalena) fez-me lembrar demasiado as rimas infantis (Exemplo maior na 2ª secção do poema, onde 3 linhas terminam com a palavra "donzela" e outras 3 linhas com a palavra "belas"). Esperava mais de uma obra vencedora! Paradoxalmente, foi precisamente o poema apresentado extra-concurso, Absurda Sedação, de Luísa Azevedo, que mais me prendeu a atenção. Ao contrário da excessiva pomposidade que tantas vezes transpira nos poemas ambientados no género fantástico, este consegue ter uma desarmante simplicidade.

As 13 ilustrações apresentadas beneficiaram bastante por serem apresentadas a cores (numa opção que, sendo mais custosa, se elogia ao editor). Tendo achado a ilustração vencedora (Mafarrecos, de Carlos Ré) demasiado caricatural, e sem elementos de fundo que a enriquecessem, a minha preferência vai para a que granjeou o terceiro lugar, Excalibur, de Fernando Martins; uma foto-montagem de ambiente arturiano. Mais uma vez, referência adicional para a ilustração apresentada extra-concurso, de Miguel Ministro (também autor da capa da antologia), a revelar um traço firme e uma boa coloração. Por outro lado, a inclusão de algumas ilustrações, como as de Pedro d'Almeida e Tessevê, teriam sido perfeitamente evitáveis.

Quanto aos contos, tive oportunidade de ler os oito primeiros classificados.
A minha primeira impressão, comparando o que li com a tabela de classificação é que realmente um concurso de literatura não é o mesmo que um teste de matemática. Critérios como "Adequação" ou "Criatividade" não podem ser numericamente traduzidos, e uma média retirada, sob pena da produzir as deturpações vistas, nomeadamente na colocação do 2º classificado, um conto bem menor que qualquer um dos restantes sete no topo da tabela. A subjectividade de uma atribuição numérica de 0 a 100 num grupo tão grande de contos será sem dúvida maior do que a subjectividade de uma apreciação em conjunto, com a eliminação de obras por vários critérios até se obter uma lista mais curta passível de ser avaliada por consenso dos membros do júri.

Mas voltando aos contos:

O vencedor da categoria, Render da Guarda, de Ludovico Alves, poderia até revelar um novo talento, mas é um conto demasiado soterrado sob o peso de ter sido retirado de uma obra maior. Há demasiada informação que se revela irrelevante para o presente conto. Espaço esse que teria sido essencial para deixar "respirar" um pouco mais a personagem principal. Realmente, o conto consegue desenvolver um dilema moral que vai satisfatoriamente mais além do clássico confronto Bem/Mal, no entanto as limitações de espaço do conto acabam por impedir que essa tensão seja desenvolvida da melhor maneira. Adicionalmente, os elementos de história alternativa, e de "magia", se melhor polidos e entretecidos no texto principal, podem imbuir o conto de uma mais-valia própria.

Luz, de Carla Marques, acaba por ser um intruso neste pelotão da frente. Demasiado ingénuo e inconsistente, não se entende como esta história de profecias e invasões alienígenas ficou em 2º lugar. Consultando a tabela de classificação, constatamos que a sua maior classificação foi no quesito "Adequação"... o que quer que isso queira dizer, num género tão abrangente como o Fantástico! E mesmo que isso fosse verdade, o que discordo grandemente perante a falta de qualidade do conto.

Em terceiro lugar surge Quem semeia ventos, colhe tempestades, de Carlos Silva. Para mim, um dos merecedores do primeiro prémio. Enraizado em mitos ibéricos, conta a história de uma viúva e de um trasgo, um duende encantado, ambos numa demanda. O clima de familiaridade é muito bem conseguido.

Enganando a morte, de João Rogaciano, também se ocupa com uma demanda; a de um milionário de 80 anos às portas da Morte, que tenta os novos desenvolvimentos da Ciência para dela escapar. O desenvolvimento do conto está bem pensado e surpreende o leitor, pese embora que o trecho da recuperação do paciente deveria ser mais cuidado, para impressionar mais gradualmente que algo de estranho está a ocorrer. A resolução do conto é irónica e deliciosa.

Esboços da realidade, de Luís Miguel Teixeira, é um conto interessante, bem estruturado. Narra a história de um pai que procura a cura para a doença rara do filho, sem se aperceber de todas as implicações dessa doença. A sua resolução é satisfatória, apesar de se tornar previsível desde meio do conto.

A Desconhecida, de Emanuel Marques, a história de um indivíduo que parece ser acompanhado pelo fantasma de uma jovem rapariga, merecia ser mais pausado. O final, muito bem encontrado, acaba por ser apresentado de forma meio desastrada, fruto de uma exposição menos bem conseguida ao longo da narração. Uma gestão mais cuidada da tensão durante o conto faria melhorar bastante o efeito final.

Carvalho-e-velho, de Marcelina Leandro, acaba por se revelar um conto algo inconsequente. A uma primeira parte mais cuidosamente detalhada, segue-se uma segunda parte demasiado apressada e inconsistente. Uma frase final aparentemente mal escrita deixa o leitor totalmente desorientado quanto ao que a autora quereria dizer no encerramento do conto.

Por último neste grupo, O Último, de Joel Puga, uma prova que ainda se conseguem escrever contos arejados e originais com base nos grandes clichés, como as histórias de vampiros e a fantasia épica. Um conto bem estruturado, com pormenores deliciosos, claramente bem pesquisados e bem aproveitados. Perante o Armagedão, Lorde Ekkehard demonstra que com a imortalidade perdeu muito do que o fazia humano, mas não tudo.

Foi com agradável surpresa que me deleitei com alguns dos contos acima mencionados, e que foram avaliados pelo júri como os mais qualificados. Continuarei em breve pelos restantes.
Por isso, ainda me entristece mais as condições em que tal antologia foi produzida. Revela que existem realmente autores a serem incentivados na escrita, mas que mereciam muito mais em troca disso do que o que obtiveram.
E, por favor, não me digam que o propósito deles era verem-se publicados e não ganhar dinheiro. Dos meus 20 euros, gostaria que cada um deles tivesse ganho mais do que 2.5 cêntimos na teoria... e absolutamente nada na prática!

Edita-me: História de uma Antologia


Agora que a tempestade parece ter amainado, será a melhor altura para uma análise mais extensa sobre a Antologia Talentos Fantásticos, resultado de uma iniciativa promovida pela Edita-me.

Como pôde ser testemunhado pelo número de posts e paixões que este assunto despertou, no fórum BBDE e em inúmeros blogues, o assunto de simples não tem nada. E, (imagino) para desespero dos autores incluídos, a discussão acabou por resvalar mais para questões de forma do que de conteúdo. No entanto, do meu ponto de vista de leitor, ainda mais fã do género fantástico, e de observador das movimentações promocionais e editoriais que ocorrem em Portugal, há vários apontamentos sobre a forma como decorreu este processo que não posso deixar de abordar. Falarei mais à frente de parte do conteúdo, não porque essa componente é menos válida (bem pelo contrário), mas porque algumas das objecções quanto à forma reflectem-se substancialmente no resultado final obtido com esta antologia.

Desde o princípio me mostrei céptico quanto ao anúncio do concurso "Novos Talentos Fantásticos". As razões eram básicas, e estavam bem claras no próprio regulamento:

- A ausência de definição prévia do prémio ("Os vencedores em cada uma das categorias receberão um valor pecuniário a ser anunciado pela Edita-Me");

- Ser obscuro o destino final da iniciativa, ainda para mais com a indicação de um número mínimo de candidaturas para que a iniciativa tivesse seguimento ("Os seleccionados poderão ver a sua obra publicada numa antologia subordinada ao tema do Fantástico, caso haja um mínimo de 50 candidaturas seleccionadas"), o que parecia indicar que o concurso, ao contrário de incluir os vencedores numa antologia já constituída pela editora, se destinava a criar um volume formado estritamente pelos tais "seleccionados" do concurso;

- Ter uma definição de Fantástico algo atabalhoada e mal-informada ("O Fantástico pode ser entendido como uma abordagem ficcional ligada a personagens como fadas, feiticeiras, vampiros, lobisomens, monstros de qualquer espécie, Deuses, gnomos, gigantes, sereias, extra-terrestres ou outras entidades não humanas.");

- E possuir um júri de funcionários da própria editora ("O júri é composto por 3 elementos da editora, pertencentes aos departamentos editorial, revisão e gráfico.").

Conhecendo muitos casos de auto-apelidadas editoras que, preferencialmente através da internet, têm protagonizado vários "esquemas" que pouco mais têm ido que de captação pouco ética de clientes para serviços pagos de edição até escandalosas burlas, a falta de clareza deste regulamento causou-me alguns calafrios.
Nos últimos tempos têm crescido exponencialmente a oferta de empresas que têm mais em comum com as tradicionais lojas de fotocópias do que com as editoras às quais roubam a designação. Neste quadro, esta iniciativa da Edita-me pareceu-me ser mais um esquema de captação de futuros clientes, para serviços de edição "a soldo".

Entretanto, com o concurso já a decorrer, foi anunciado que o prémio seria um computador portátil para cada categoria, com o apoio de uma empresa informática, e que o anúncio dos premiados seria feito numa festa do dia das bruxas. Findo o concurso, o mesmo foi dado como um sucesso, com 113 participações.
Perante o número de participantes, a editora decidiu aumentar o júri para 5 membros, e "refinar" os critérios de selecção. Sobre a antologia, prefiro citar o que foi publicamente anunciado pela editora:
Por fim, mas não menos importante, veio a questão da inclusão dos trabalhos na Antologia que resulta – conforme anunciado – da compilação dos trabalhos a concurso.
Começamos com a ideia de que todos os trabalhos que nos haviam sido enviados e que não haviam sido excluídos do concurso, entrariam nessa mesma antologia.
No entanto, com a construção da mesma, fomo-nos apercebendo da impraticabilidade deste nosso propósito, pois tal iria resultar num livro com cerca de 800 páginas, o que seria impraticável, quer a nível de custos, quer a nível logístico de manuseamento do próprio livro.
Assim sendo, vimo-nos forçados a adoptar o critério de “nota positiva”, ou seja, serão incluídos na Antologia, todos os trabalhos que no final, obtiveram classificação igual ou superior a 50%.
Apresentamos as nossas desculpas a todos os que não irão ver os seus trabalhos na mesma, mas penso que compreenderão que era necessário adoptar um critério e este, foi o que acabou por nos parecer “mais justo”.

Ou seja, afinal a definição "seleccionado", que não tinha sido elucidada no regulamento, equivalia a "não excluído". Ora, consultando de novo o regulamento, somos informados que os critérios de exclusão previstos se referem apenas a casos de plágio ou de publicação prévia da obra. O que pouco abona em favor de uma iniciativa que tanto ênfase tinha publicitado quanto a critérios de qualidade. E, mais uma vez, nenhuma palavra sobre direitos de autor.

Vinte dias após o fim do concurso, e a uma semana do anúncio dos premiados, a Edita-me sentiu-se na obrigação de fazer alguns esclarecimentos públicos perante as interrogações dos participantes. E, nem tudo eram boas notícias:
Finalmente fala-se de direitos de autor. Mais precisamente, 10% sobre o preço de capa para o conjunto dos 80 autores. Mesmo ultrapassando a incredulidade perante uma percentagem tão mínima numa edição que basicamente é vendida através do site da Edita-me e que custa pouco mais de 1 euro de portes para fazer chegar aos leitores (ficando a Edita-me livre de pagar a grande fatia que geralmente é exigida pelo distribuidor), há um segundo choque. Afinal, esses "direitos de autor", por gerarem apenas 2.5 cêntimos/livro para cada autor, serão atribuidos em forma de desconto na compra de exemplares da obra... e com a validade de um mês. E ainda se exaltam as vantagens para os autores:
Por outro lado, possibilitando aos autores adquirir mais do que um exemplar com o referido desconto (que poderão “revender” pelo PVP de 20€) está o autor a multiplicar o seu “ganho em direitos de autor” sem que tenha de estar dependente das vendas efectuadas, nem aguardar 1 ano por ele.
Pensamos que assim, encontramos uma forma mais eficaz e por ventura mais rentável para os autores, de atribuição dos direitos de autor.

Rentável será sem dúvida, mais ainda para o editor, que passa a ter no autor, para além de uma fonte gratuita de conteúdo, e mais do que um representante comercial, no fundo um investidor financeiro. E, para que esta função de vendedor seja mais incentivada, anuncia-se que os autores não terão direito sequer a um exemplar da antologia grátis por serem contribuidores. O argumento é, por serem 80 autores, o custo de um exemplar por autor seria incomportável para a Edita-me. Verdade, mas imagino que não menos verdade se se tratassem de 50 autores, os inicialmente projectados.

Para quem está familiarizado com o meio editorial, e até o meio amador, será forçoso o espanto. Mesmo as edições em papel mais amadoras pagam, se não em dinheiro, pelo menos em exemplares. Essencial é que, havendo uma publicação à venda, que gere receitas, os participantes sejam recompensados pelo seu trabalho, sem que para tal tenham de dar algo adicional ao editor (muito menos dinheiro!) para além de já terem fornecido as suas obras.

Ora, para mim, torna-se lógica uma conclusão nesta altura. Que a meta de 50 autores foi colocada por ser esse o patamar necessário para que, sendo expectável que cada autor quereria ter, no mínimo, um exemplar da obra em que tinha sido publicado, esses 50 exemplares vendidos seriam só por si capazes de assegurar à Edita-me a edição com lucro dessa obra. No fundo, pouco diferente das editoras que pedem aos candidatos a autores uma comparticipação nos custos de produção. Não é isso que o torna substancialmente diferente, sendo à entrada ou à saída. Assim como não é diferente pedir 1500 euros para editar o romance de um autor ou 20 euros a 80 autores pela sua participação numa antologia (se fizermos as contas, até sairá mais rentável a segunda, até porque no primeiro caso geralmente o autor recebe alguns exemplares "grátis" da obra que financiou abertamente!). O risco da Edita-me é ilusório, quer seja através de uma impressão-a-pedido (POD), sem necessidade de stock, ou através das encomendas dos participantes (e dos seus familiares e amigos), claramente interessados em ver a sua obra em papel, ao ponto de concorrerem a um concurso com regras dúbias.

No meio disto tudo, falta ainda referir o que poderá ser a margem de lucro desta antologia. Antologia que chega ao leitor a 20.00 euros, um custo elevado para qualquer livro, mais ainda quando é constituído por autores desconhecidos. Calculando grosseiramente, e penso que por excesso, colocaria o custo de produção do livro em 5 euros, mais os 3 euros apontados no site como custos de envio (mas que segundo a postagem dos CTT se resume a 1.04 euros!), obtemos 8 euros. Se o júri era constituído por funcionários da empresa, acredito que esses custos desta rápida iniciativa (3 meses entre lançamento do concurso a anúncio de vencedores) se diluam no normal funcionamento da mesma. Com os autores, na verdade, não há qualquer custo. Para "lucrarem" 2 euros, estão a dar sensivelmente, eles próprios, 10 euros a ganhar à Edita-me. Com a agravante de poderem ser eles a ficar com stock parado, caso sigam a sugestão da Edita-me de "potenciarem" os seus ganhos!
Assim, parece poder retirar-se que a rentabilização desta antologia, obviamente legítima do ponto de vista de qualquer editor/promotor, foi planeada desde início de forma a ser grandemente, se não totalmente, baseada nos próprios autores. O que, a ser verdade, se afigura pouco ético! Se não o foi, resta a pergunta do porquê dos autores beneficiarem de tão poucas vantagens (porque não um maior desconto, porque não sem limite de tempo, porque não maiores % sobre o preço de capa, etc).

Afinal, se o papel de uma editora é dar lucro, não o será também de se assegurar que os seus autores sejam convenientemente recompensados, além de ter o papel de proporcionar ao leitor-comprador o melhor produto possível?

Aliás, é precisamente como leitor que tenho ainda outro problema. Sendo um concurso que se publicitou como estando atento à qualidade, tendo no júri um elemento do departamento de revisão da própria empresa, causa-me alguma estranheza que o produto final não tenha sido objecto de uma revisão apropriada; pelo menos para eliminar os erros mais básicos de ortografia que os autores deixaram passar. Perante este custo final da obra, acho que nós, leitores, mereciamos pelo menos isso. Assim como os autores mereciam que o seu trabalho fosse assim tratado.

E perante tudo isto, estando a obra produzida, o que fazer como comprador?
Assisti a várias pessoas a afirmar que, perante este cenário, não compactuavam com estes esquemas, recusando-se a comprar a obra. Outros sublinharam a falta de oportunidade de avaliarem in loco a publicação (o que o anúncio de estarem disponíveis em 3 livrarias do Porto e 2 livrarias de Lisboa se afigura de distribuição incipiente para colmatar). Creio ter notado nas intervenções de alguns dos autores um desalento por estarem os trabalhos a serem "engolidos" por tamanha polémica. Não faltaram também pessoas a apontar que os mesmos não teriam nada a queixar-se, já que tinham "embarcado" em tal viagem voluntariamente.

Pesado tudo isto, decidi-me por adquirir a antologia.
Mas gostaria de chamar a atenção, principalmente aos autores participantes, que não sou um leitor comum, dado o meu grau de interesse por tudo o que envolve o Fantástico em Portugal. De outra maneira, dificilmente a teria encomendado!

Agora que tive oportunidade de fazer um pouco mais que simplesmente folheá-la, gostaria de tecer alguns comentários mais específicos, centrados principalmente nos contos mais bem classificados; o que também obrigará a algumas referências ao processo de avaliação. Isso, por questões de espaço, e consideração pelos autores, será abordado no post seguinte...

PS: Chama-se a atenção para a caixa de comentários, onde o editor da antologia forneceu alguns esclarecimentos e sugeriu algumas incorrecções ao presente post.

terça-feira, novembro 03, 2009

Exposição Imaginarte em colaboração com as Conversas Imaginárias


Como prelúdio das Conversas Imaginárias, será estreada no dia 9 de Novembro, na sala multi-usos da Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, uma exposição intitulada "Há Conversas com o IMAGINarte".

A exposição, que permanecerá aberta ao público até ao dia 28, último dia das Conversas Imaginárias, será constituída pela mostra de várias ilustrações, da autoria de membros do IMAGINarte - Núcleo de Arte Fantástica da Faculdade de Belas Artes de Lisboa. O horário da exposição coincidirá com o horário geral da BMOR.

Em breve serão mencionados os ilustradores incluídos na mostra.
(do blog oficial do Conversas Imaginárias)

segunda-feira, novembro 02, 2009

Convidados do "Conversas Imaginárias"

O programa ainda se mantém provisório, razão pela qual não será já anunciado.
No entanto, é justo que os interessados em assistir ao evento possam começar desde já a "espiolhar" os poisos virtuais dos vários convidados que aceitaram o desafio de participar no Conversas Imaginárias (outros convites estão ainda em confirmação, e alguns nem foram ainda feitos, devido a não estar fechada a definição de uma das secções).

Mas posso-vos garantir que os debates reflectirão a realidade nacional no que diz respeito ao género fantástico, e aos seus vários meios de divulgação: a produção audiovisual, a ilustração e o concept art, a literatura, a banda desenhada. Serão focados os novos valores e as vozes estabelecidas, os novos desafios de formas de produção, as obras recentes e futuras.

Sem mais demora, por ordem alfabética:

Ana Vicente Ferreira (literatura)
Andreas Rocha (concept art)
António de Macedo (cinema)
Bruno Martins Soares (literatura)
Carla Ribeiro (literatura)
David Soares (BD e literatura)
Fábio Ventura (literatura)
Filipe Melo (cinema e BD)
Filipe Teixeira (concept art e BD)
Gonçalo Sousa (concept art)
João Barreiros (literatura)
Nuno Fonseca (literatura)
Paulo Fonseca (literatura)
Paulo Prazeres (cinema)
Pedro Florêncio (cinema)
Pedro Ventura (literatura)
Rafael Loureiro (literatura)
Ricardo Venâncio (BD)
Rui Ramos (BD)
Telmo Marçal (literatura)

(mais informações, no blog Conversas Imaginárias)

domingo, novembro 01, 2009

Lançamento das Conversas Imaginárias


Da autoria do Luís Peres, artista que completou recentemente a odisseia em BD do Príncipe Ziph, surge finalmente o cartaz das Conversas Imaginárias.

Seguindo as intenções que tinha divulgado há alguns meses, este evento irá ser focado no género fantástico, com uma atenção abrangente para a literatura, cinema, concept art, ilustração e banda desenhada.

Claro que a altura do ano em que é realizado não é acaso. Realmente, este ano não haverá Fórum Fantástico, sendo o Conversas Imaginárias uma tentativa minha de reduzir esse hiato de dois anos sem a realização de um evento com estas características, que se tem tornado um ponto de encontro anual para os fãs do género. Obviamente o Conversas não poderá ter a dimensão internacional do FF, o que, por outro lado, se poderá revelar uma vantagem, ao permitir um maior foco nos assuntos que ultimamente têm agitado este meio.

Assim, ainda hoje começarei a divulgar pormenores do que irá ocorrer na Biblioteca Municipal de Telheiras, em Lisboa, a 21 e 28 de Novembro de 2009.

(estas notícias podem ser acompanhadas por aqui ou pelo blog oficial do evento, em conversas-imaginarias.blogspot.com).

Resultados do concurso "Talentos Fantásticos"


Como prometido pela Edita-me, foram hoje divulgados os resultados do concurso que deu origem à antologia Talentos Fantásticos 2009, ontem lançada oficialmente no Porto.

Apesar da estratégia demonstrada pela editora nesta iniciativa me causar algumas dúvidas (nomeadamente de natureza ética), fica assinalada como positiva a rara opção de expôr a todos os participantes o resultado da aplicação dos seus critérios de qualidade.
Veremos se a divulgação do seu conteúdo, que falta fazer, poderá promover a venda desta antologia.