Dagon, antiga divindade semita, mais tarde usada também por HP Lovecraft, é agora o nome da mais recente revista electrónica portuguesa do género fantástico. Com edição de Roberto Mendes e Rita Comércio, o seu número inaugural pode ser lido aqui.
Depois do fecho recente da Nova, a Bang! tinha ficado como única revista portuguesa do género. Com o lançamento da Dagon é reposta a pluralidade. E isso será sempre bom.
As mudanças de temporada são pródigas em trazer-nos novas séries de televisão. Das inúmeras que são lançadas, muitas ficam-se pelos primeiros episódios, canceladas devido a quebra de expectativas geralmente indicadas pelas tabelas de audiência. A nova série “fantástica” da ABC, Defying Gravity, deverá ser uma dessas. Lançada como uma «Gray’s Anatomy in Space», esta série parece ser mais um daqueles equívocos que ciclicamente esbanjam uma panóplia de meios e dinheiro capazes de matar de inveja muitos criadores. No fundo, o lema americano de fazer tudo em grande, mesmo os flops.
O equívoco começa logo no trailer, desapaixonado, sem qualquer pista para os tons fantásticos que permeiam a história (e que não surpreendem quem conhece as tendências de fantástico convencional na própria “Gray’s Anatomy”). Mas a própria série, ou o que dela foi mostrado (3 episódios), denota também uma incapacidade de lidar com esses temas.
Até agora uma colagem desconcertada de extractos de filmes e séries como 2001, Solaris, Lost, The 4400, Mission to Mars, The Right Stuff, entre outros (chegando a copiar os enquadramentos de cenas famosas), Defying Gravity, falhou redondamente naquilo que poderia ter ligado de forma satisfatória todos estes elementos: a caracterização dos personagens. Para além disso, os diálogos são confrangedoramente pobres, a acção é arrastada e desinteressante, e há partes da narrativa completamente surreais.
Criado numa clara tentativa de “surfar” na onda de outras séries e filmes (o sexo casual de Gray’s Anatomy, o “fantástico quântico” de Lost, a paranóia tecnológica de 2001, etc), com uns laivos patéticos de promoção de uma nova era espacial, Defying Gravity afunda-se já nas audiências, com todos a preverem que nem durará os 13 episódios encomendados. O que é pena, pois o cenário e os meios estão lá para uma produção de qualidade, assim como um grupo de actores competentes, mas claramente sem rumo. Mais uma vez se nota a falta que faz um bom grupo de argumentistas. Uma nota final para registar que parte desta aposta falhada da ABC talvez tenha como explicação a exibição de Virtuality, pelo canal Fox. Um piloto com características semelhantes, e bem mais conseguido (apesar de também desapontar nalgumas partes), com a chancela de Ronald Moore, o responsável pelo renascimento da série Battlestar Galactica. Tratar-se-á tudo isto de uma nova corrida espacial, televisiva e pseudo-erótica?!