Espero que sejam anunciados muitos mais até Novembro, mas há que começar por algum lado. Assim, o site oficial do FF2010 anunciou já os seis primeiros nomes, entre escritores nacionais e estrangeiros.
São eles: Stephen Hunt Peter V. Brett Ricardo Pinto David Soares Afonso Cruz João Pedro Duarte
Dos vários projectos a que me referia anteriormente, que pretendia lançar assim que o doutoramento estivesse despachado, alguns terão de ficar mais uns tempos na prancheta de planeamento, já que a vida profissional me trouxe recentemente algumas surpresas (agradáveis mas trabalhosas!) que se tornarão evidentes nos próximos meses.
De qualquer forma, alguns dos projectos que terão de continuar em suspensão poderão adoptar uma nova identidade, até por fusão de ideias até agora independentes.
Assim, em breve será lançado o projecto TRËMA. Fruto de uma colaboração inicial com a designerAna Maria Baptista, os pormenores permanecerão mais uns tempos em segredo, mas posso adiantar que será um projecto com características invulgares no meio editorial. Vocês verão!
Após um interregno para trabalhos académicos, estou de volta à multitude de projectos na área do Fantástico que tinha na gaveta.
Obviamente, o maior deles é o (re)arranque do Fórum Fantástico, do qual passo a citar o primeiro comunicado.
Como tinha ficado prometido no ano passado, o Fórum Fantástico está de volta, de 12 a 14 de Novembro de 2010, com a sua mistura única de entretenimento e reflexão.
Esta nova edição, a realizar na Biblioteca Municipal de Telheiras, em Lisboa, marca o retorno de um conceito já estabelecido, continuando a evolução no sentido de uma maior abrangência. Tendo sido iniciado como um evento eminentemente literário, o FF tem-se alargado progressivamente também a outros media (ilustração, cinema, banda desenhada, etc.), sempre que isso faça sentido na sua intenção de se focar no género Fantástico.
As linhas mestras são mantidas, nomeadamente o incentivo à produção e estudo do género Fantástico e o contacto entre criadores, editores, críticos, académicos e público em geral. Além disso, o FF2010 será o mais eclético, um verdadeiro albergue geek!
Começamos por divulgar a fabulosa ilustração criada propositadamente pelo Pedro Marques para o cartaz desta edição do evento. Nos próximos dias serão divulgadas mais informações, nomeadamente quanto aos convidados, nacionais e estrangeiros.
A acreditar nas paródias incluídas no fanzine de banda desenhada H, da autoria de Véte (pseudónimo de Silvestre Francisco), Tarantino e Robert Rodriguez são influências óbvias nesta história de 24 páginas, sem diálogos.
A arte é apresentada a preto e branco, e retrata a intervenção de um grupo de super-heróis perante o pânico geral de uma invasão ninja. A estética é bastante interessante, com uma estilização própria, com um traço bem definido e muito humor à mistura.
Em termos de produção e apresentação, foi também uma agradável surpresa. Impressa a laser em papel superior, com a capa a cores, a sobrecapa em acetato transparente dá-lhe uma protecção adicional e sublinha o cuidado e seriedade aplicados no projecto. Pena que apenas o tenha conseguido comprar pelo correio, já que ao seu preço de 3 euros acresceu 2,5 de portes. No entanto, mesmo assim valeu bem a pena para ficar a conhecer este trabalho.
A acompanhar em futuros lançamentos. Os interessados poderão adquirir este e outros fanzines através do site do autor.
Por onde começar? Talvez por: Fernando Fragata loves Philip K. Dick! E assim, meus amigos, só se pode começar bem.
Conhecendo o trabalho do realizador principalmente através do registo de comédia, este ContraLuz foi uma autêntica surpresa. Não que não tenha os seus momentos de humor, obviamente, mas porque se aproxima muito mais de um registo de filme fantástico indie, tendo-me trazido à memória, em momentos, um Primer ou um Magnólia. Ao contrário do que se poderia temer, por ser um filme português filmado nos Estados Unidos da América, não é uma cowboiada martelada nem um deslumbramento provinciano. Aliás, as cedências que faz mais a custo parecem ser de carácter visual para reafirmar alguns pormenores materiais relevantes para a história, talvez a seguir a máxima norte-americana que coloca a preguiça mental do espectador "médio" em alta estima. Mas nada que não seja tolerável para o espectador atento, mesmo que acompanhado de um ténue sorriso escarninho.
Por outro lado, o carácter visual é uma das forças do filme, na forma como a paisagem é utilizada para imergir o espectador. Da mesma forma, o enredo e os diálogos vão permitindo criar um crescendo de tensão que, mesmo sendo relativamente fáceis de antever, resultam no real envolvimento emocional do espectador. Mesmo que Joaquim de Almeida não consiga deixar de ser ele próprio, Michelle Mania e Skyller Day acabam por impôr-se numa relação conturbada de mãe e filha, Scott Bailey é competente apesar de fugaz, Evelina Pereira marca pontos e Ana Cristina Oliveira é perfeitamente hilariante.
O enredo é realmente uma boa surpresa, mesmo que não tremendamente original para o género fantástico em cinema e, principalmente, em televisão. No entanto, há várias linhas e mensagens que me surpreenderam. Não entrando em pormenores, já que o filme vive muito da forma como os vários fios narrativos acabam por se entrelaçar, e focá-los iria certamente estragar o filme a quem o fosse depois ver, surpreende a apologia que é feita em vários momentos em favor da literatura fantástica. Mais, a defesa, perante os cinéfilos, da necessidade de ler as obras, e não só ver os filmes. Também surpreende, numa indústria cinematográfica que nem sempre coloca a consistência como prioridade, que o argumento explore de forma equilibrada as facetas positivas e negativas dos temas que toca, não se contentando com as respostas imediatas.
Não sendo uma obra perfeita, é uma obra que, como um todo, se mantém muito bem, orgulhosamente, de pé. A juntar a isso, resiste à tentação de explicar tudo; o que garante que saimos do cinema com várias questões que nos vão rodar na cabeça durante muito tempo, ou que vão dar debates acesos entre as interpretações de cada um.
A expectativa era alta, devido a ter-se mantido o segredo sobre grande parte do argumento até agora. Era bom que se mantivesse assim. Este filme é melhor apreciado quando se parte para ele sem ideias pré-concebidas, e com alguma abertura que permita que o filme nos vá conquistando, já que tem um ritmo próprio, bem diferente se comparado com as opiniões que esperavam uma "americanada".
Em resumo, dei por bem empregue a ida à ante-estreia, serei certamente comprador do DVD, e, apesar da utilização de certos clichés, penso que o ContraLuz é já um marco no cinema fantástico português.
Mas não esperem pelo DVD, ou pela cópia pirata! Quem não o for ver ao cinema, não é um verdadeiro fã de cinema fantástico!
PS: Ah, é verdade, Luís, o Joaquim de Almeida tira o casaco! ;)
Já depois de ter publicado o post anterior, dei-me conta que há um terceiro evento de interesse na quarta-feira. Também às 21:00, na Fnac Colombo, é inaugurada uma exposição sobre a banda-desenhada Dog Mendonça e PizzaBoy, com a presença de Filipe Melo. Será apresentado o Making Of, realizado por Bruno Canas, ao que se seguirá uma conversa sobre este fenómeno editorial, que vai na 3ª edição do primeiro volume e que prepara o segundo volume a todo o vapor.
Com tantos acontecimentos fantásticos, ai de quem ficar em casa!
As ocorrências fantásticas cá no burgo assumem sempre um carácter de sincronicidade. Não ocorre nada durante meses, e depois, quando há algum evento de interesse, depressa descobrimos que há mais que um no mesmo dia! Esta quarta-feira não será excepção a essa fatídica regra.
Às 21:00, no cinema Alegro Alfragide, dá-se a ante-estreia do mais recente filme de Fernando Fragata, ContraLuz. Inteiramente filmado nos Estados Unidos, a um argumento que tem sido mantido relativamente em segredo junta-se um trailer que desperta a curiosidade. Para os interessados, os bilhetes podem ser adquiridos online. Acresce que o realizador estará presente nesta ante-estreia.
Um pouco antes, às 19:00, acontece na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro o lançamento do primeiro número do Jornal Conto Fantástico, editado por Roberto Mendes e produzido pela Editora Antagonista. Ainda com programa a anunciar, aguarda-se com expectativa o resultado de mais esta iniciativa que pretende fomentar a produção de literatura fantástica nacional.
A requerer alguma ginástica, mas, caso os horários sejam respeitados, a não serem totalmente inconciliáveis.
O editor Pedro Reisinho, da Gailivro, acompanha o seu envolvimento na publicação de obras de género fantástico com intervenções esporádicas, mas bastante ricas, no que diz respeito ao pensar a realidade do mercado nacional e internacional. Aliás, não será descabido considerá-lo, apesar de não o reduzir a isso, como o campeão nacional do Romance Paranormal, rótulo cuja criação parece defender; a bem de algumas diferenciações que porventura explicarão a especificidade e o sucesso da saga Twilight, e de algumas obras que têm surgido na sua esteira. Da mesma forma, essas mesmas razões poderão sossegar os críticos que vêem estas edições como amesquinhamentos da literatura fantástica.
Como já o tinha feito no debate sobre Literatura Fantástica na recente Feira do Livro de Lisboa, Pedro Reisinho aborda alguns destes temas numa entrevista ao canal de livros do Sapo.
Primeiro um assunto lateral: Alguém me explica a quase ausência de fandom em Portugal? E no caso de não ser ausente, alguém me explica a sua relativa inactividade?
À sombra dessa questão existencial, e em aparente contradição, o número de autores nacionais de excelência que se focam ou simplesmente debicam no género fantástico é cada vez maior. Um desses casos é o Afonso Cruz, recentemente entrevistado pelo DN. Aconselha-se a leitura.
Não me canso de advogar um trabalho activo dos escritores na promoção das suas obras. Efectivamente, hoje mais do que nunca, o trabalho do autor não termina quando entrega o manuscrito à editora. Daí, por vezes ser desafiado a participar em actividades com esse teor, como ocorreu recentemente no lançamento do segundo livro da Trilogia Nocturnus, Ascensão de Arcana, do Rafael Loureiro; e da qual descobri hoje este vídeo.