Curtas PT @ MOTELx 2009 (parte I)
A organização do MOTELx 2009 achou que esta 3ªedição do festival era a altura certa para lançar um concurso de curtas-metragens de produção nacional. Deste repto resultou a escolha de 14 curtas que, para além de serem apresentadas como introdução a várias das longas-metragens programadas, foram divididas em 3 "compactos".
Hoje, às 15h, foi exibido o primeiro desses compactos; no qual participaram 5 curtas.
Em 3 minutos apenas, F.R.U.N.C., realizado por Paulo Prazeres, revelou-se um prodígio de síntese, de algumas das características do género de terror e também de boa disposição. A adicionar a isto, esta ameaça vinda do Espaço foi complementada por uma sequência de créditos final "histórica" que faz os delírios de qualquer fã de Lovecraft, Hellboy, e quejandos.
Introduzido em servo-croata, Ljubav, de Casimir Nikodin, remete-nos para o universo dos mockumentaries, neste caso com um conjunto de experiências filmadas num Instituto de Investigação Parapsicológica de Leste. O restante da curta é mostrado sem diálogos, baseado numa estética de cinema mais experimental. Para mim, o segundo excerto terá sido o mais engajador. Nota alta para a ambiência criada pela trilha sonora, fortemente suportada em vocalizações.
A Aposta, realizada por Vasco Sequeira, revela também uma generosa dose de bom-humor. Pena que alguns saltos na passagem entre cenas e nos diálogos causem por vezes alguma estranheza. No entanto, no balanço final, esses factos não diminuem o prazer (literalmente!) induzido por esta história entre uma amante (trocadilho intencional) do género de terror e uma céptica desses filmes.
Realizada por João Vasconcelos, Traum Zebni é uma curta que tenta desafiar a nossa noção de realidade. Não discutindo o sucesso ou não da tentativa de transmitir essa impressão ao espectador, o final consegue redimir o filme com um monólogo deliciosamente banal, mas que nos leva a repercussões fantásticas.
A última curta, X, de Jorge Cramez, acaba por ser também noutros aspectos o inverso da primeira curta da sessão. Acredito que os seus 30 minutos de duração estejam repletos de piscadelas de olho a trivia de terror, e de private jokes, mas, para este "espectador comum", a primeira metade do filme torna-se maçadora, mesmo que o "assassino" seja particulamente pitoresco. O volte-face é também demasiado elaborado, tendo sido preferível deixar a acção decorrer por si própria, ao invés de explicar com antecedência tudo o que iria ocorrer. No entanto, mais uma vez, o final consegue ser redentor da curta, especialmente em relação a algumas subtilezas no diálogo.
Amanhã, sábado, há mais. Às 15h, no Cinema São Jorge. Apareçam!
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home