Uma tarde, na Feira...
Antes de mais, um agradecimento a todos os autores que participaram na iniciativa da revista BANG! de sábado passado na Feira do Livro de Lisboa (Ágata Ramos, David Soares, João Ventura, Luís Filipe Silva e Vasco Curado), ao apoio do Luís Corte-Real (Ed. Saída de Emergência) e a todos os leitores que decidiram partilhar connosco um pouco da sua visita à Feira.Foi uma tarde bem passada, com um grupo de (novos e antigos) amigos que raramente têm oportunidade de se verem. Afinal, o objectivo que me animou a ter a ideia era também esse (para além de aproveitar a oportunidade para divulgar uma revista que tem sido muito mal-tratada pelos livreiros em termos de exposição!) e fico feliz que se tenha concretizado.
Um dos pontos altos do encontro foi a leitura-surpresa de um pequeno conto, escrito por João Ventura para comemorar a ocasião, e que por simpática permissão do autor passo a reproduzir:
TERROR NA FEIRA DO LIVRO
João Ventura
Era o dia 3 de Junho de 2006, e a feira do Livro de Lisboa estava animada. E no entanto, cerca das 16 horas, no meio da total ignorância dos visitantes da Feira, uma misteriosa teia de acontecimentos começou a tomar forma.
Cinco pessoas caminhavam em direcção a um ponto situado perto do Pavilhão 182, e as suas posições instantâneas, se representadas sobre um mapa da zona, permitiriam traçar um perfeito pentagrama, claro indicador de futuras perturbações no contínuo espacio-temporal. No ponto focal desta convergência posicionou-se Rogério Ribeiro (aka Battlestar Draco) autor da convocatória e portanto a causa (embora involuntária) dos acontecimentos seguintes, minuciosamente narrados num manuscrito que, numa gruta perdida no deserto do Sinai, aguarda ainda a chegada dos arqueólogos.
Ágata Ramos descobriu subitamente que estava a ser perseguida pelo Sr. Bentley, qua a insultava aos berros, ameaçando partir-lhe a cabeça com o guarda-chuva, e que de caminho ia dando caneladas aos visitantes da feira que tinham o azar de não se afastar rapidamente da sua trajectória furiosa.
Vasco Curado quase foi atacado por um bando de indivíduos de aspecto estranho, de roupa molhada como se tivessem acabado de sair do rio, feições bizarras – a primeira ideia que lhe ocorreu é que pareciam peixes. Fugiu deles internando-se mais na feira, afim de dificultar a perseguição.
João Ventura, deambulando a caminho do Pavilhão 182, deu-se conta de que um grupo de fantasmas o seguia. Deviam ser fantasmas, eram translúcidos, e deslizavam mais do que andavam. À cautela, apressou o passo em direcção ao seu objectivo.
Atrás de David Soares vinham dois homens, um transportando um saco cheio de ossos, o outro uma bolsa repleta de vísceras de animais (seriam mesmo de animais?). Discutiam entre si, mas os seus olhares malévolos não se desviavam de David, e tentavam encurtar a distância que os separava dele.
Luís Filipe Silva corre pela vida. Atrás dele vem um grupo com fardas SS, e sabe que se os deixar chegar perto de si, as toxinas que lhe vão injectar farão com que um laboratório de investigação bacteriológica pareça um local asséptico.
Os cinco autores apressam-se em direcção ao ponto focal, perseguidos pelas suas personagens, cada vez mais próximas, já se vêem uns aos outros e ao Rogério no centro, mas a distância aos perseguidores está mais curta.
Já o famoso Bandarra, no século XVI, tinha profetizado:
"E na extensa avenida
No meio da gente e dos livros
Terríveis cousas houveram
Cinco escritores perseguidos
P'los escritos que escreveram."
Sobre o recinto da Feira existe agora uma atmosfera ominosa, o Sol encoberto por nuvens negras de tempestade. Apercebendo-se do perigo, Luis Corte-Real mantém a Saída de Emergência aberta...
Conseguirão as criaturas destruir os seus criadores?
Conseguirão os criadores escapar à fúria assassina das suas criaturas?
Siga o destino destes e de outros autores, e suas criaturas... não perca a Bang!
3 Comments:
Eu só apanhei a leitura a meio na feira. Está muito giro!
(Quando estamos todos juntos é sempre uma festa.)
Obrigado, "Stranger..." ;)
Obrigado pela excelente iniciativa. Foi um prazer conhecer tanta gente, que dedica o seu tempo a algo tão nobre e enriquecedor. Continuem a publicar a revista (please...)!
Mauro Bexiga
P.S. - assinante da BANG! :)
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