O Futuro do Conto
Há algum tempo que defendo que o conto é um formato ideal para a literatura fantástica. Não depreciando os formatos mais longos, e não esquecendo que nem todos os autores geniais no conto se conseguem adaptar ao romance, e vice-versa, o conto testa a capacidade de estruturação e bom-senso do autor, assim como geralmente lhe prepara a mão para vôos mais altos (longos!).
Infelizmente, o mercado leitor parece não ter muito amor pelo conto (seja em colectâneas ou antologias). Da mesma forma, os próprios escritores, inebriados pela publicação em romance, independentemente de terem aptidão técnica para suportarem convicentemente uma tal narrativa, olham com desdém para o conto.
Mas, como diria o Astérix, parece que algumas aldeias se mantém irredutíveis num território conquistado pelos romances. Vem este assunto a propósito da recente entrevista de Pedro Sena-Lino, editor, entre outras, da antologia Contos de Vampiros, ao Diário Digital.
A situação do mercado editorial torna a publicação de contos mais difícil e mais rara. E o conto não é um género fácil: é um raio-x preciso e certeiro ao mais definitivo e constituinte de um autor: os seus temas, os seus recursos, o seu imaginário, a sua técnica narrativa (…) Estou convencido que o conto representa um mercado extraordinário e que pode ser largamente expandido. Com as dificuldades de tempo com que os leitores de hoje se defrontam, o conto representa uma espécie de unidade mínima de tempo real de leitura. Penso que esta ideia devia ser trabalhada pelas editoras, e mais, devia ser fruto de uma campanha nacional.
Nesta entrevista, é ainda referido o parco tratamento que tem sido dado à simbologia fantástica nacional. Talvez isso esteja prestes a mudar. Depois de um primeiro número digital, a Dagon promete a passagem para o meio físico e um aumento de qualidade. E consta que também a revista electrónica Bang! irá brevemente anunciar inovações. Duas iniciativas que irão certamente estimular as mentes e canetas dos contistas portugueses.
4 Comments:
Não há que desprezar, no entanto, a grande quantidade de publicações (e concursos) de ficção curta que se têm vindo a verificar no mercado português. Como, aliás, referi em dois recentes posts do meu blog. Nem todas em moldes totalmente transparentes, mas isso já é outra história.
Abraço
Francisco Norega
Tanto não são desprezadas, que vão sendo faladas aqui. ;)
Quantas mais, melhor.
Um abraço,
Rogério
O que eu queria dizer é que talvez o futuro do conto não vá ser tão mau como pode parecer. Talvez já tenha estado pior, agora nem está assim tão mal :P
Abraço,
Francisco
Ai, o optimismo é que vai valendo a esta gente...
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