Venha fazer parte da conspiração...
No próximo dia 3 de Junho, sábado, todos à
Feira do Livro de Lisboa.
Junto ao pavilhão 182, da editora Saída de Emergência/Fio da Navalha, poderão encontrar, das 16 às 18h, em amena conversa os autores
Ágata Ramos,
David Soares,
João Ventura,
Luís Filipe Silva e
Vasco Curado, que nas páginas da revista BANG! têm dado ao conhecimento dos leitores novos e excitantes contos fantásticos. Eu também lá estarei, a representar a revista.
A
BANG!, actualmente a única revista portuguesa dedicada à literatura de aventura e fantástico, convida-vos a participarem nesta iniciativa, a trocarem impressões com os autores, a autografarem os vossos exemplares da revista, enfim… a participarem da conspiração.
Uma curta de deixar água na boca
Realizada por Ben Hibon, e exibida nos MTV Asia Awards,
Code Hunters é uma curta-metragem de ficção científica de invejável qualidade.
Ao
cliché da reunião de um bando heterogéneo de aventureiros, Ben Hibon, também responsável pelo
screenplay e pelo
storyboard desta produção da
Blinkink, juntou um conjunto de personagens ricamente caracterizadas em sete minutos de acção quase constante.
Para mais pormenores, algum
background sobre a "Saga dos Code Hunters",
aqui. E, a própria curta-metragem,
aqui.
António de Macedo em Romeno
Mais uma vez os autores nacionais de literatura fantástica merecem um puxão de orelhas. Mas tudo nesta terra tem de ser de extremos?!
Ou são uns egocêntricos umbiguistas que só dão um passo para poder anunciar ao Mundo que acabaram de correr a maratona e, mal vêem desligadas as luzes das câmaras de reportagem, se sentam à berma da estrada a choramingar que lhes passaram uma rasteira, ou então produzem, são publicados cá dentro e lá fora, e, numa atitude de EXCESSIVA humildade, não promovem os seus próprios êxitos.
Vem este desabafo a propósito da publicação da noveleta
Entre Horizontes, da autoria de
António de Macedo, na revista de literatura fantástica romena
Fiction.ro. A noveleta, aqui intitulada
Între Orizonturi (traduzida por Mihai Dan Pavlescu), foi originalmente publicada em português e inglês, na antologia Fronteiras (1998; ed. Simetria).
Não fosse o nome do autor estar bem visível na capa, e nunca teria dado conta do facto. Seja como for, aqui ficam os meus parabéns ao autor, com votos de que, para a próxima, avise o
fandom.
Ainda há esperança para a Europa...
Não, realmente não sou um espectador atento do Festival Eurovisão da Canção.
Nem da edição portuguesa, onde há muitos anos reina o compadrio e a incapacidade/recusa de apresentar candidatos válidos e aproveitar para dar a conhecer novos talentos (sobre isto foi interessante a entrevista que ouvi recentemente ao Fernando Tordo na RDP1. Querem acreditar que no tempo "da outra senhora", na ditadura, as candidaturas eram abertas a todos e as submissões eram apresentadas de maneira ao júri ouvir apenas a gravação da parte instrumental + leitura das letras, para não poder identificar os autores/intérpretes?) nem da edição internacional, com a habitual endogamia de votos entre blocos de países vizinhos.
Mas, aparentemente, 2006 veio mostrar que, apesar de estar tudo na mesma, nem tudo ficou igual.
Daqui de Portugal seguiu uma paupérrima
girlsband,
NonStop, que, com inaptidão vocal, visual pindérico e desenvoltura de cepo, acabou por não passar da fase eliminatória e dar uma ideia miserável do património musical do país. Por outras palavras, voltámos a ser roubados na Eurovisão pelo Lobo Mau Europeu.
Terá a RTP aprendido a lição? Aposto que não.
Na final do concurso, transmitida no passado sábado, dois países decidiram gritar que "O Rei vai Nú".
Da Lituânia, o grupo
LT United apresentou-se com a canção "We are the Winners (of the Eurovision)", cuja letra limitava-se a apelar directamente ao voto na sua música. Uma actuação desinibida, de humor mordaz, que lhes valeu uma certa inimizade dos jornalistas e público gregos, mas que se reflectiu num 6º lugar.
A cereja no topo do bolo foi a vitória da representação da Finlândia, o
hard-rock/heavy metal dos
Lordi. Com uma música que me pareceu decalcada das melodias e letras características de bandas como os Manowar e efeitos vocais de King Diamond (ou seja, uma intervenção
soft e com nada de novo para os adeptos do género), os Lordi transformaram o palco da Eurovisão em algo parecido com um showroom da Weta, os responsáveis pelos efeitos visuais da adaptação cinematográfica do Senhor dos Anéis de Tolkien. Uns verdadeiros
The Travelling Singing Uruk-Hai!
Num concurso em que imperam as baladas e a música pop, o rock entrou de rompante e levou o prémio máximo para casa. E com o bónus de ter acompanhado em directo o quase ataque de coração do "nosso" Eládio Clímaco, que deve ter passado por todos os tons de verde e cinzento enquanto fazia por digerir o facto (para ele inacreditável e escandaloso!) de toda a Europa estar rendida a esses "monstrinhos". Mais uma demonstração de que por cá se continua a cultivar a mesquinhez e o preconceito (mas não generalizando, já que Portugal deu 6 pontos aos finlandeses).
Quem foi sabendo da campanha
underground que corria a internet nos dias antecedentes ao concurso, deu-se conta que ia acontecer algo de
mágico. É no que dá combinar o poder da internet com a imprevisibilidade da votação telefónica.
É com satisfação que vejo tanto o Heavy Metal como o Fantástico a serem utilizados de forma tão subversiva e eficaz.
Agora, espera-se das autoridades competentes que seja encontrada uma forma de votação mais... democrática. Até lá,
Hard Rock Hallelujah!
O Doutor
Armas de destruição maciça imaginárias usadas como pressão para a ONU autorizar uma guerra interplanetária? AH! A
sci-fi não fica melhor do que isto!
Nunca me senti muito atraído para a corrente de
sci-fi humorística britânica. E a estética e caracterização de séries como Red Dwarf e Dr. Who ainda fizeram mais por me afastar desse género, do qual fui sentido apenas a influência em séries como Farscape.
Salvavam-se, até hoje, na literatura, os momentos geniais de Douglas Adams na série que começa com À Boleia pela Galáxia.
Mas, felizmente, há um novo Doutor na cidade.
Criada em 1963 e emitida pela BBC até 1989,
Dr. Who só não será mais conhecida porque é britânica e não norte-americana. Centrada numa misteriosa personagem, apenas conhecida como The Doctor, um viajante do Espaço e Tempo, a série teve várias encarnações ao longo da sua história, assim como vários actores (10 até agora) para a personagem principal (um facto que foi também integrado na própria narrativa da série - informações detalhadas,
aqui).
Após 1989, a BBC fez várias tentativas para relançar a série, o que acabou por acontecer em 2005 pela mão da BBC Wales.
Tendo ouvido falar bastante bem da nova série, resolvi dar uma olhadela.
Apesar do primeiro episódio ser um pouco... periclitante para o meu gosto (manequins a ganhar vida?!), sente-se que é carregado pela força dos actores (principalmente os protagonistas, Christopher Eccleston e Billie Piper). No segundo episódio, uma viagem aos últimos momentos do planeta Terra, começa a revelar-se um argumento de qualidade e a personalidade própria da série.
O terceiro episódio, The Unquiet Dead, é uma excelente
short story, com Charles Dickens como figura histórica "convidada". Mais uma vez, fosse a série norte-americana e certamente este episódio venceria o próximo Hugo na categoria
Best Dramatic Presentation - Short Form.
Os episódios 4 e 5, duas partes da mesma história, são puro divertimento com uma mensagem política muito forte (e daí saiu o meu comentário inicial).
Infelizmente esta nova série não está numa televisão perto de nós, mas já se pode importar a primeira temporada em DVD (em exibição está a segunda temporada, com um novo Doutor, David Tennant).
Por mim, não vou perder as aventuras deste (apenas na aparência) estouvado alienígena e da sua companheira humana, transportados pela nave Tardis (na fotografia - sempre presente sob o disfarce de uma cabina policial dos anos 50) pela imensidão do Espaço e Tempo.
PS: A primeira temporada começou há pouco a ser transmitida nos Estados Unidos, através do Sci-Fi Channel. Ainda existe uma esperança para o Hugo!
3º Concurso de Contos Scarium
O
Scarium é um fanzine brasileiro de literatura fantástica. Iniciado em Junho de 2002, conta já com 14 números lançados, a par de mais algumas edições especiais. Editado por
Marco Bourguignon e
Rogério Amaral de Vasconcellos, creio que se transformou num fenómeno unânime entre os leitores brasileiros (e alguns portugueses).
Integrado no seu trabalho de promoção do género, surge agora a 3ª edição do concurso de contos. O regulamento pode ser consultado
aqui, e aceita explicitamente a participação de escritores lusófonos não-brasileiros.
PS: Aproveito para abrir espaço na secção de
links para
sites estrangeiros.
O Sonho de Newton muda de casa
Admito que o facto de não lhe conseguir aceder há alguns dias já me causava estranheza.
Afinal, não foi ainda desta que Mefistófeles veio cobrar as dívidas pendentes, e
David Soares vai continuar os seus habituais comentários (de leitura obrigatória!) no blog
O Sonho de Newton, agora em
nova morada.
A programação habitual segue dentro de momentos.
(Imagem: "Moving House" de Sarah Bishop)
Concurso de Literatura Fantástica
Está aberto até 31 de Agosto de 2006 o período de submissões para o concurso de literatura fantástica patrocinado pela revista portuguesa
Fórum Estudante.
Infelizmente apenas acessível a menores de 21 anos, o regulamento integral pode ser encontrado
aqui.
Os termos em que é colocada a temática do concurso...
[...]tens de nos enviar os teus textos fantásticos, tirados do teu imaginário... Um género de literatura tipo “Harry Potter”, “Eldest” ou o “Senhor dos Anéis”.... não são de admirar, dado serem essas as actuais referências mediáticas para o género.
Os autores do concurso deixam várias pistas que fazem acreditar que tanto a originalidade como a qualidade literária serão essenciais na escolha dos premiados, mas, a julgar pelas obras que balizam o concurso, limito a minha expectativa a obras de fantasia épica.
A ver vamos. Com a promessa de publicação em livro, as submissões deverão ser mais que muitas...
Link: Tecnofantástico
Escritor (premiado), editor (da extinta colecção Portal Devir), organizador (do evento Leituras, na Livraria LerDevagar), palestrante, ensaísta e formador (em inúmeras ocasiões),
Luís Filipe Silva (LFS) tem feito de tudo um pouco no meio da Ficção Científica em Portugal.
Cunhou entre nós o termo
Tecnofantasia, tornando-o na sua imagem de marca, tanto através de um
Portal como de um
blog.
E o que é a Tecnofantasia? Bom, nas palavras do seu criador...
A TecnoFantasia é o realismo mágico da era tecnológica. É o mito dos cientistas experimentais. É o imaginário infantil da geração informatizada. É a palavra de boca do homem de negócios. É o título que se transacciona no mercado das expectativas sociais. A TecnoFantasia sabe que o mundo já não pertence à Natureza, que é tão artificial, obediente e cego como um termóstato. Sabe que habitamos todos numa realidade virtual que funciona por consenso e regras e agendas temporais comuns. Sabe que o mundo entra em sintonia pela necessidade internacional de encontrar um ponto de entendimento e organização. Sabe que a plataforma actual não comporta mais a informação que processa.Contextualização essa que vem acompanhada de um possível guia de leitura...
Alguns visionários afloraram ligeiramente a ideia da TecnoFantasia. No estrangeiro, Michael Swanwick com The Iron Dragon's Daughter, Bruce Sterling com Distraction e artigos científicos, os contos de Greg Egan, todos os livros do Neal Stephenson. Em Portugal, a GalxMente de Luís Filipe Silva seria o prenúncio, muito incompleto, da ideia, Pedra de Lúcifer de Daniel Tércio uma hipótese possível, e Terrarium de João Barreiros, um elogio fúnebre (inconsciente) da ficção científica disfarçado de homenagem ao género.Intercalando momentos de actividade com momentos de inactividade (e que página pessoal não passa pelo mesmo?), aconselho-vos a aproveitar a actual fase de frenética actividade para visitarem o Portal e ficarem a conhecer um pouco mais o conteúdo do Tecnofantasia: notícias, contos e ensaios.
Link: Stranger in a Strange Land
Para os que conhecem o autor deste
blog, o
link que agora adiciono só causará surpresa por não o ter sido há mais tempo.
Stranger in a Strange Land, além de ser o título de um livro do escritor americano Robert Heinlein, é também o nome do
blog de
Safaa Dib.
A Safaa tem-se notabilizado nos últimos anos por uma intensa actividade no meio do Fantástico português: dinamizadora de fóruns, ensaísta e crítica, tradutora, autora, vice-presidente da Épica e co-organizadora do Fórum Fantástico. Os elogios que lhe poderia fazer aqui de certeza não caberiam no limite de palavras deste
post, portanto deixo um sentido
Obrigado, pelas actividades próprias e pela impagável colaboração prestada.
Mas voltando ao seu
blog, incide maioritariamente em artigos de opinião, escritos com propriedade, sobre literatura e televisão. Pelo menos nesta fase, a cadência de novos
posts origina que cada visita ao
blog revela geralmente um novo ponto de interesse. Para além destas análises, os seus comentários são amiúde temperados com a sua visão particular sobre o panorama nacional do Fantástico.
Sem dúvida a revelação do momento, é uma das leituras mais agradáveis da actual blogosfera fantástica nacional. A não perder.
Links: Quando Utopia rima com Academia...
Maria do Rosário Monteiro é professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas de Lisboa. Na sua carreira docente tem ministrado algumas cadeiras relacionadas com o Fantástico, tais como "A Literatura Fantástica na Inglaterra do Século XX", "O Fantástico na Cultura Ocidental" e "Literatura e Mitologias". Mas é na sua carreira académica que esta opção tem sido mais preponderante, com a tese de mestrado
A Viagem e a Transformação em The Lord of the Rings e a tese de doutoramento
A Simbólica do Espaço nos Mundos Fantásticos Neo-Românticos; Análise Comparativa das Obras The Lord of the Rings e Earthsea.
A sua
página pessoal apresenta os textos completos de ambas as teses, assim como os textos de várias artigos que elaborou, principalmente relacionados com os estudos das utopias, sobre autores como JRR Tolkien, Ursula K. LeGuin, Jorge Luis Borges, Cordwainer Smith e Philip Pullman (de quem foi a tradutora da versão portuguesa da trilogia His Dark Materials/Os Mundos Paralelos).
A página apresenta ainda um projecto em desenvolvimento: uma "Biblioteca Utopiana Virtual", uma listagem dos vários textos existentes dentro do género utópico.